Jair Bolsonaro é preso em Brasília (DF); STF mantém prisão preventiva nesta segunda (24)

Publicado em 24 de Novembro de 2025 às 17h08.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi preso na manhã de sábado (22), em Brasília (DF). A Polícia Federal (PF) informou que cumpriu mandado de prisão preventiva, expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da Petição 14129. A medida substitui a prisão domiciliar que havia sido imposta anteriormente e decorre de novos elementos que indicam risco concreto de fuga e ameaça à ordem pública, especialmente diante da iminência do trânsito em julgado da revisão da Ação Penal (AP) 2668.

Manifestantes em frente ao prédio da Polícia Federal em Brasília, onde Bolsonaro está preso. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Segundo o STF, a decisão baseou-se em fatos recentes apresentados pela PF, com aval da Procuradoria-Geral da República (PGR). Entre eles, está a violação do equipamento de monitoramento eletrônico às 0h08 do dia 22, com indícios de tentativa de rompimento da tornozeleira.

O memorando do Centro Integrado de Monitoração Eletrônica (Cime), anexado aos autos, relata que o sistema registrou um alerta de violação na madrugada do sábado. A equipe de escolta foi imediatamente encaminhada ao local e constatou que o dispositivo apresentava “marcas de queimadura em toda sua circunferência” e tentativa de abertura no ponto de fechamento. De acordo com o documento, Bolsonaro afirmou ter utilizado um ferro de solda para tentar abrir o equipamento. A tornozeleira precisou ser substituída.

Além da tentativa de violação, o ministro também citou que o senador Flávio Bolsonaro (PL) convocou no dia anterior (21), pelas redes sociais, uma vigília em frente à casa onde o ex-presidente cumpria prisão domiciliar desde 4 de agosto.

Em sua decisão, Moraes destacou ainda que o condomínio onde o réu reside fica a aproximadamente 13 km do Setor de Embaixadas Sul, na capital federal, onde está localizada a Embaixada dos Estados Unidos. O ministro também lembrou que, conforme apurado nos autos, Bolsonaro já havia planejado, em investigação anterior que resultou em sua condenação, fugir para a Embaixada da Argentina, por meio de pedido de asilo político.

Tornozeleira danificada. Foto: Seap/Divulgação

Nesta segunda-feira (24), a Primeira Turma do STF decidiu, por unanimidade, manter a prisão preventiva de Jair Bolsonaro.

Cláudio Mendonça, presidente do ANDES-SN, ressalta que, apesar de esse não ser o motivo que levou à condenação de Jair Bolsonaro, a prisão do ex-presidente “é parte da necessidade de responsabilização pelos crimes cometidos pelo pior presidente desde a redemocratização, responsável direto por uma política negacionista durante a pandemia, que resultou em mais de 700 mil mortes”. 

Mendonça lembra ainda que Bolsonaro impulsionou uma política anti-ciência e anti-academia, fazendo com que docentes se tornassem alvo da extrema direita. “Bolsonaro é o líder do movimento neofascista brasileiro, que tem a política de ódio, nas ruas e nas redes, como ação prioritária; e tal política de ódio se direciona contra a população negra, lgbtt, mulheres, nordestinos, indígenas e quilombolas. Não podemos deixar de mencionar a tentativa de golpe de estado em 08 de janeiro de 2023, apoiado por setores importantes das forças armadas, o agronegócio e outros setores da burguesia brasileira”, ressalta o presidente do ANDES-SN.

Condenação
Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão em regime fechado no processo do Núcleo 1 da trama golpista, que envolve a tentativa de subversão da ordem democrática no país. As penas poderão começar a ser executadas nas próximas semanas. Leia mais aqui.

A denúncia da PGR descreve os ataques de 8 de janeiro de 2023 como o ponto culminante de um processo golpista que envolveu militares, civis e autoridades. Na data, extremistas de direita invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília, em contestação ao resultado das eleições de 2022. O governo federal decretou intervenção na segurança do Distrito Federal, e cerca de 1,5 mil pessoas foram detidas.

Bolsonaro na saída da audiência de custódia que manteve sua prisão preventiva. Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Pandemia
Além dos processos relacionados à tentativa de golpe, Bolsonaro também é alvo de investigação sobre sua atuação durante a pandemia de Covid-19. A decisão ocorreu em setembro deste ano, quando o ministro do STF, Flávio Dino, determinou a abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF) para investigar os fatos apresentados pela Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) da Covid, em 2021, que apurou irregularidades do governo federal e de empresas durante a crise sanitária. O relatório final recomendou o indiciamento de mais de 60 pessoas físicas e jurídicas, entre elas Bolsonaro e ex-ministros.

Nesta época, mais de 60 petições criminais foram apresentadas por parlamentares, partidos e entidades, cobrando a apuração de crimes contra a saúde pública, incluindo a possível disseminação intencional do vírus por autoridades federais. Entre março de 2020 e dezembro de 2022, o Brasil registrou 693.853 mortes pela doença, segundo o Ministério da Saúde.

Compartilhe...

Outras Notícias
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
EVENTOS
Update cookies preferences