ANDES-SN convoca Dia Nacional de Luta em Defesa da Uemg para 10 de setembro

Publicado em 13 de Agosto de 2025 às 16h34. Atualizado em 13 de Agosto de 2025 às 17h00

Governo Zema pressiona ALMG para votar projetos relacionados ao Propag 

O ANDES-SN convocou para 10 de setembro o Dia Nacional de Luta em Defesa da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg). A data também marcará a luta contra a privatização das universidades estaduais mineiras. 

Ato na Assembleia Legislativa de MG em defesa da Uemg, em 1º de julho. Foto: Luiz Santana/ALMG

Na programação, está previsto, pela manhã, o Seminário Nacional sobre Autonomia Universitária. No período da tarde, ocorrerá um ato nacional em Defesa da Uemg e contra a privatização das universidades estaduais mineiras, em frente à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em Belo Horizonte (MG).
A diretoria do Sindicato Nacional convocou, através da circular 331/2025, todas as seções sindicais a participarem das atividades na capital mineira. “Essa tarefa é de toda a categoria e que a força da nossa luta será imprescindível para barrar os PLs do Governo Zema, que, por trás de uma cortina de fumaça de federalização, buscam, na verdade, transferir e/ou privatizar as universidades estaduais”, reforça o documento.

De acordo com Cássio Hideo Diniz Hiro, 1º secretário da Regional Leste do ANDES-SN, a Associação de Docentes da Uemg - Seção Sindical do ANDES-SN (Aduemg SSind.), com o apoio do ANDES-SN, tem mobilizado fortemente a categoria docente da universidade, como também sua comunidade acadêmica. A movimentação fez com que o tema trazido pelo PL 3738/25 – que possibilita a privatização da Uemg - ganhasse repercussão, sobretudo com a realização de uma audiência pública na ALMG em 1º de julho. 

“Isso provocou o posicionamento não apenas de deputados da oposição, mas também de vários do bloco do governo. Contudo, na Assembleia Legislativa tudo pode acontecer, e o governo estadual está muito empenhado na aprovação dos projetos de lei vinculados ao Propag. Como o prazo é outubro, pode haver a aceleração desses projetos, inclusive sobre a Uemg. Por isso, a necessidade de intensificarmos a luta em defesa da Universidade do Estado de Minas Gerais”, destacou Hiro.

O docente da Uemg contou que, antecedendo o Dia Nacional de Luta no próximo mês, diversas ações da Aduemg SSind. estão previstas nas unidades acadêmicas da Uemg, tanto na capital quanto no interior, mobilizando docentes, estudantes, técnicas e técnicos em seus locais de trabalho. “E, no dia 10 de setembro, teremos o Dia Nacional de Luta em Defesa da Uemg, com atividades importantes em Belo Horizonte. Não obstante, a seção sindical está atenta às movimentações na ALMG, com possibilidade de convocar a categoria a estar presente no espaço caso seja necessária”, afirmou. A categoria docente aprovou, em julho, indicativo de greve com possibilidade de paralisação caso os projetos contra a Uemg tramitem.

Governo pressiona pelas privatizações 
A possibilidade de extinção ou privatização da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) está no pacote que o governo de Romeu Zema (Novo) elaborou para pagar as dívidas do estado com a União, no âmbito do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag). Além da Uemg, o governo mineiro também pretende privatizar a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), a Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge) e a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), entre outros patrimônios do estado.

No caso da Uemg, Zema editou dois projetos de lei que se forem aprovados significarão o fim da universidade.  O Projeto de Lei (PL) 3.733/2025 autoriza o Poder Executivo a vender para iniciativa privada ou transferir para a União os bens imóveis de propriedade do Estado de Minas Gerais, suas autarquias e fundações públicas, para fins de pagamento de parte da dívida. Já o PL 3.738/2025 propõe a extinção da Uemg e a transferência de sua gestão e de seu patrimônio para a União ou para a iniciativa privada. Até o momento, não há qualquer manifestação do governo federal no sentido de federalizar a Uemg.

Com a retomada dos trabalhos na ALMG, no início desse mês de agosto, e o prazo para a adesão do governo estadual Propag se aproximando – 30 de outubro – a pressão do governo junto a parlamentares também aumentou. Na manhã desta quarta-feira (13), o vice-governador Mateus Simões esteve na Casa Legislativa para cobrar agilidade na aprovação, em especial, de dois textos em tramitação, o Projeto de Lei (PL) 3.733/25; e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 24/23, que retira a exigência de referendo popular para a desestatização de empresas estatais. Também demandou a discussão dos PLs 3.053/24, que autoriza a federalização da Cemig; 3.052/ 24, que autoriza a federalização da Copasa, que ainda não iniciaram a tramitação.

O governo Zema também protocolou, nesta quarta, mais um projeto relacionado com o Propag, que acrescenta a Minas Gerais Participações (MGI) no rol de ativos a serem federalizados, para redução da dívida com a União. Segundo Simões, a meta é que os ativos federalizados atinjam o valor de R$ 34 bilhões, o que resultaria em uma redução de 2% dos juros mensais nas parcelas de pagamento da dívida. 

Caso a ALMG aprove a venda dos imóveis e das estatais, os ativos deverão ser ainda avaliados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e, em seguida, aceitos pelo governo federal. 

Ataque à autonomia universitária
A venda dos patrimônios móveis e imóveis da Uemg bem como a sua extinção, previstos nos PLs 3733/25 e 3738/25, representam um profundo ataque à autonomia universitária, garantida tanto na Constituição Estadual de Minas Gerais quanto na Carta Magna Federal. Jacqueline Magalhães Alves, 1ª vice-presidenta da Regional Leste do ANDES-SN, reforça que é fundamental fortalecer a luta e o debate sobre a autonomia universitária, a valorização dos direitos sociais e pensar uma outra forma de organização social.

“Temos que defender a autonomia das nossas universidades. Colocar o patrimônio que é voltado à educação, à saúde, à cultura, ao trabalho como moeda de troca, num programa como o Propag, está longe de ser o ideal. Precisamos perseguir um estudo mais aprimorado, da perspectiva ética, para uma economia que seja pensada da perspectiva socioambiental e que preserve e invista profundamente nos direitos da população, sendo a educação uma prioridade sempre”, acrescentou.

Acesse a circular 331/2025

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