Após três dias de greve docente, com participação de vários campi, a categoria da Universidade do Estado do Pará (Uepa) segue firme na construção de ações pelo fim da política de austeridade do governo Helder Barbalho (MDB). De 26 a 28 de agosto, professores e professoras realizaram atos de rua, em frente à reitoria, aulas públicas, debates e, na última quinta-feira (28), participaram de manifestação conjunta, com demais servidoras e servidores, em frente à Casa Civil.
Segundo Erivelton Ferreira Sá, 1º secretário da Regional Norte II do ANDES-SN, o ato na sede do governo estadual foi organizado pelo Fórum Estadual de Servidoras e Servidores do Pará. As representações sindicais foram recebidas pelo “terceiro escalão do governo”. “Não estavam presentes para nos receber nem os secretários da Casa Civil, nem o secretário adjunto [da Casa Civil]. Quem recebeu os sindicatos foi o secretário adjunto da Seplad, Secretaria de Planejamento, junto com o ouvidor adjunto da Casa Civil”, comentou. “Essa é a forma como o governo do estado tem tratado o movimento dos sindicatos estaduais, desconsiderando e desrespeitando os servidores e as suas representações sindicais”, acrescentou.
De acordo com Ferreira Sá, as servidoras e os servidores já esperavam que não haveria nenhuma proposta. “Disseram que ainda estão estudando, ainda estão verificando a possibilidade, não negaram, mas, ao mesmo tempo, não afirmaram nada, nenhuma posição, nenhuma proposta. Então, nós saímos de lá da mesma forma que nós entramos”, lamentou. Segundo o docente, os sindicatos se retiraram da reunião, ao serem informados de que não havia nenhuma proposta a ser apresentada por parte do governo. “A gente não ia ficar batendo na mesma tecla, de explicar a importância do reajuste, do realinhamento salarial, da reposição salarial em relação às perdas inflacionárias”, disse.
O diretor do ANDES-SN contou que, diante da ausência de respostas do governo Barbalho às reivindicações apresentadas, o indicativo é que se construa um processo de mobilização para a greve geral das servidoras e dos servidores estaduais. “Cada sindicato vai consultar as suas bases para aprovar esse processo de greve geral dos servidores estaduais ou, talvez, propor um outro tipo de mobilização”, explicou.
O Sindicato de Docentes da Uepa (Sinduepa Seção Sindical do ANDES-SN) realizará assembleia para avaliar o movimento paredista e organizar as lutas por um Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR) digno, por mais investimentos para a universidade e por reajuste salarial.
Greve de 3 dias
A greve de três dias das professoras e dos professores da Uepa teve por objetivo reforçar a luta das técnicas e dos técnicos administrativos, em greve há mais de cem dias, além de intensificar a mobilização por pautas específicas da categoria docente e do funcionalismo estadual.
Uma pauta extensa foi apresentada à reitoria e ao governo do estado. Entre os principais pontos de reivindicação estão a questão do reajuste salarial e a ampliação das funções de dedicação exclusiva (DE) na universidade. Segundo dados do Sinduepa SSind., os salários da categoria estão defasados desde 2006. Para repor a inflação acumulada no período, seria necessário um reajuste de pelo menos 22,43%. Além disso, atualmente, apenas um a cada cinco docentes da Uepa trabalha em regime de DE, o que compromete a qualidade do ensino, pesquisa e extensão.