A categoria docente da Universidade do Estado do Pará (Uepa) iniciou nessa terça-feira (27) uma greve por tempo determinado, que seguirá até esta quinta-feira (28). A paralisação de três dias tem por objetivo reforçar a luta das técnicas e dos técnicos administrativos, em greve há mais de cem dias, além de intensificar a luta por pautas específicas dos e das docentes e do funcionalismo estadual.
Zaira Fonseca, coordenadora-geral do Sindicato de Docentes da Uepa (Sinduepa Seção Sindical do ANDES-SN) conta foi apresentada uma extensa pauta à reitoria e ao governo do estado. “Os principais pontos da nossa pauta são a questão do reajuste salarial e a ampliação das funções de dedicação exclusiva na universidade, porque nós só temos em torno de 20% de docentes com dedicação exclusiva (DE), então a gente vem pautando a necessidade da ampliação desse regime”, explica.
Segundo dados do Sinduepa SSind., os salários da categoria estão defasados desde 2006. Para repor a inflação acumulada no período, seria necessário um reajuste de pelo menos 22,43%. Além disso, atualmente, apenas um a cada cinco docentes da Uepa trabalha em regime de DE. Isso compromete a qualidade do ensino, pesquisa e extensão.
“Nós temos outras pautas que tratam da revisão do nosso PCCR [Plano de Cargos, Carreira e Remuneração], que precisa ser atualizado, da questão da autonomia da universidade, da segurança do trabalho e da necessidade de revisão de algumas resoluções que dizem respeito à formação continuada de docentes”, complementa a docente.
“Hoje, a motivação para a greve é basicamente em relação à questão do reajuste salarial e do orçamento para 2026, porque no orçamento para o ano que vem já foi apontado um corte para investimento, pouquíssima ampliação para pessoal, o que indica que pode ser que não haja também reajuste salarial no ano que vem. Então, o motivo da greve foi justamente reforçar essa luta que já está ocorrendo na universidade e a luta também dos servidores públicos estaduais”, acrescenta Zaira.
Conforme a docente, nesta quinta-feira (28), será realizado um ato em frente à Casa Civil, órgão que lida diretamente com o governador. A mobilização será em conjunto com as demais categorias do funcionalismo paranaense, organizada pelo Fórum dos Servidores Públicos Estaduais. “Nós, da categoria docente, reforçaremos a nossa presença nesse ato, fazendo a semana de greve justamente para garantir uma presença massiva no ato de amanhã na Casa Civil”, afirma.
Com relação às reivindicações coletivas dos servidores e das servidoras, de acordo com a coordenadora-geral do Sinduepa SSind., foi apresentada uma pauta destaca as perdas salariais, em torno de 30%, o aumento do vale-alimentação, aumento também do direito à representação sindical, com liberação para representantes sindicais, além da revisão dos PCCRs, uma reivindicação de várias categorias do Pará.
Zaira ressalta que a adesão à greve de três dias está sendo massiva na universidade. “Nós tivemos agenda na capital e em vários campi do interior, que já sinalizaram que pararam nesses três dias. Tivemos uma adesão bastante forte para esses três dias de greve”, diz. Segundo a diretora, na medida em que as categorias tenham uma resposta do governo em audiência, irão apontar ou não para uma greve geral das servidoras e dos servidores públicos estaduais.
“Esse momento nosso de greve foi também uma espécie de esquenta, um momento para a gente emular a nossa categoria para entrar numa possibilidade de greve por tempo indeterminado. Isso porque também a categoria da educação básica já sinalizou greve a partir do dia 15 de setembro. Então, a gente está fazendo uma movimentação na universidade para avaliar se teremos condições da nossa categoria fazer uma greve da educação no estado ou se somar à greve geral dos servidores públicos”, conclui.