“Vida além do trabalho”, curta lançado pelo ANDES-SN expõe impactos da jornada 6x1

Publicado em 27 de Agosto de 2025 às 18h43. Atualizado em 27 de Agosto de 2025 às 19h19

O ANDES-SN lançou, na manhã desta quarta-feira (27), o curta-metragem “Vida além do trabalho por um Brasil mais justo”. A atividade ocorreu no Armazém do Campo, em Brasília (DF), com representantes de entidades sindicais da Educação Federal e do movimento estudantil.

Lançamento do filme no Armazém do Campo reuniu dezenas de pessoas. Fotos: Eline Luz / Imprensa ANDES-SN

Realizado em parceria com a Cajuína Filmes e dirigido pelo cineasta André Manfrim, o filme faz parte da campanha nacional de mobilização pelo Plebiscito Popular por um Brasil mais justo. A produção busca fortalecer e ampliar o debate público sobre os efeitos perversos da jornada 6x1 — seis dias de trabalho para apenas um de descanso — estabelecida em diversos setores no país. 

O filme conta com as participações da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), que discute a batalha política pela redução da jornada de trabalho; do professor Ricardo Antunes (Unicamp), um dos maiores sociólogos do trabalho do país, que contextualiza historicamente a luta pelos direitos laborais; e de Luma Vitório (MST/Coordenação do Plebiscito Popular), que convoca toda a sociedade a se mobilizar.

Após a exibição do documentário, foi realizado um debate com as representações do ANDES-SN, da Fasubra, do Sinasefe e da UNE. As e os dirigentes responderam também questões da imprensa, sobre o filme, o Plebiscito Popular e as lutas do próximo período.

Bianca Borges, presidenta da UNE, destacou que o curta-metragem traz uma síntese muito importante do que é a realidade de milhares de trabalhadores e trabalhadoras de todas as faixas etárias do país. “Isso para nós é importante porque mostra como essa é uma luta, em última instância, civilizatória. A exploração da escala 6x1, do trabalho mal remunerado tem condenado gerações e gerações de brasileiras e brasileiros a uma vida que na verdade não é vida, é somente a luta pela sobrevivência. E a história nos convocou, felizmente, a estar mobilizados em torno dessa pauta, construir esse Plebiscito Popular, que é um dos nossos grandes acertos em muito tempo”, afirmou.

A dirigente estudantil destacou a importância do Plebiscito em promover a consciência da necessidade de lutar por direitos, por justiça e dignidade para quem estuda e para quem trabalha. “Hoje nós celebramos esse bonito documentário, e reforçamos a importância de levar adiante essa agenda do Plebiscito, que tem se mostrado uma ferramenta poderosíssima. Muito avançamos até aqui, mas estamos aquém da nossa meta. Convocamos todas as entidades que estão aqui a intensificar a mobilização”, acrescentou Bianca, lembrando que este 24 de agosto marca um dia nacional de mobilização unificada do setor da Educação. 

O presidente do ANDES-SN, Cláudio Mendonça, reforçou a importância da luta unitária e lembrou de outras mobilizações conjuntas construídas em períodos recentes, como o Tsunami da educação de 2019, que uniu a juventude e trabalhadoras e trabalhadores da Educação. “Temos construído inúmeras lutas, lembro que nós construímos uma luta muita importante contra a extrema direita que foi o grande levante da juventude e da Educação em maio de 2019, com atos de rua maciços, que foi talvez o primeiro ato maciço contra o governo Bolsonaro. Isso mostra que quando a gente está em unidade, a gente consegue enfrentar essa conjuntura desfavorável”, afirmou.
 

O docente resgatou o trecho de uma canção composta por Caetano Veloso e Gilberto Gil, famosa na voz do grupo Os Mutantes, para explicar o desafio posto ás entidades a frente do Plebiscito Popular. “A frase diz o seguinte ‘mas as pessoas na sala de jantar são ocupadas em nascer e morrer’. Eu diria que nosso desafio é fazer com que o conjunto de trabalhadoras e trabalhadores não tenha a sina de apenas nascer, trabalhar e morrer, mas que entenda que é dignidade humana você usufruir do lazer, que seja público e que possa de fato permitir que a consciência da juventude e do conjunto dos trabalhadores e das trabalhadoras supere o tempo abstrato, o tempo do capital, o tempo que é mercantilizado e que acaba sendo apropriado e reproduzindo a lógica do capitalismo”, refletiu.

“Eu acho que aqui está presente um conjunto de lutadores e lutadoras que compreende esse desafio, e esse documentário é mais um elemento que vai nos ajudar a continuar debatendo, avançando as discussões e fazendo com que a gente dispute a consciência da juventude e da classe trabalhadora”, concluiu.

A secretária-geral do ANDES-SN, Fernanda Maria, pontuou a importância do lançamento do documentário e o debate sobre o Plebiscito Popular por um Brasil mais justo se dar em um espaço do Movimento dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), um movimento cuja história se instaurou em plena ditadura empresarial-militar, na ocupação Encruzilhada Natalino, que colocou como central para a democracia a distribuição da terra. “Esse plebiscito coloca como central o processo de produção capitalista e a necessidade de nós, trabalhadores e trabalhadoras, reagirmos a esse processo de exploração que nos transforma em máquina e que nos arranca a nossa humanidade. Por isso, a importância de que a gente saia daqui e amplie, nesse momento de reta final do Plebiscito, a participação popular”, afirmou. 

A diretora do Sindicato Nacional refletiu sobre a realidade expressa no documentário, de um processo de produção que explora tanto as trabalhadoras e os trabalhadores, que não permite um tempo, um fôlego que permita se recompor no processo de reprodução social da vida. “Me lembra uma música do Chico Buarque ‘Pedro pedreiro penseiro, esperando o trem, esperando o aumento do ano passado para o mês que vem, a mulher do Pedro esperando um filho para esperar também. Pedro esperando a sorte, esperando a morte’. O capitalismo nos coloca esse desânimo, nos exauri. Não é à toa que exaustão é o termo complexo que nós usamos diariamente. O capitalismo nos coloca, no cenário da nossa subjetividade, o desânimo e a morte. Mas o Plebiscito mostra que é possível que a gente reaja, resista e produza uma alternativa de vida que não seja essa que não permite que a gente nos realize plenamente”, reforçou.

A docente lembrou que o Plebiscito Popular foi construído por aqueles e aquelas que vivem cotidianamente a exploração da jornada 6X1, e que buscam mudar essa realidade. “É um plebiscito fundamental para a democracia da nossa sociedade, porque ele não só coloca o fim da jornada exploratória do 6x1, como ele também coloca a democracia da tributação e necessidade da isenção de impostos para quem ganha menos. Significa que é um plebiscito que pensa a democracia a partir de nós, trabalhadores e trabalhadoras, logo é um plebiscito de enorme potência”, concluiu. 

Plebiscito Popular
Até o dia 7 de setembro, é possível participar do Plebiscito Popular e votar por um Brasil mais justo, seja online (clique aqui) ou presencialmente, em urnas espalhadas por todo o país (confira onde).

A proposta do Plebiscito é ampliar o debate popular pelo fim da escala 6x1, pela redução da jornada sem cortar salários, pela isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil e pela taxação maior para rendas acima de R$ 50 mil.

Após o fim da coleta, os votos serão sistematizados e entregues ao presidente da República, aos presidentes da Câmara e do Senado e ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), para pressionar por uma reforma tributária justa e por um Brasil mais igualitário e democrático.

Seções sindicais
As seções sindicais foram orientadas a garantirem urnas e mobilização para votação nas universidades, IFs e cefets no Plebiscito Popular, especialmente de 25 a 29 de agosto, com o objetivo de transformar esse período em uma semana de agitação e de defesa das propostas do plebiscito. Também deverão organizar a exibição local do documentário como forma de ampliar a divulgação do material e do debate acerca dos temas abordados.

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